Cais do Corpo | 2015

A Praça Mauá localizada no Zona Portuária do Rio é um lugar carregado de forte conteúdo simbólico que permeia as operações cotidianas e reprograma a sua lógica. Pela Praça Mauá chegaram ao Brasil milhares de escravos e imigrantes durante a maior parte de sua história. No século 19 foi um importante local de importação e exportação, no século 20 foi frequentada pelas elites, durante a era dos grandes transatlânticos quando foi construído o terminal do Touring Club do Brasil. No final da década de 30 se tornou o centro das atenções com a construção do Edifício A Noite, prédio este com 22 andares, altíssimo para época e marco da construção civil no país. No entanto, desde a chegada da corte portuguesa ao Brasil no início do século 19, a gestão de um novo espaço se proliferou no seio das estruturas tecnocráticas, um espaço baseado numa economia ao nível corporal, que não responde a nenhuma finalidade exterior a sua própria satisfação: o sexo. Aos poucos, desenvolveuse na Praça Mauá uma vida noturna. Os bares foram abertos e a partir da encampação do Porto, em 1934, e do aumento do movimento de embarque e desembarque, a clientela dos bares e casas noturnas aumentou progressivamente. A Praça Mauá tornou-se uma tradicional zona de prostituição – marinheiros, turistas, contrabandistas, prostitutas davam o clima. Nos anos 60, a prostituição viveu seu período mais prósperos, estimulada pelo grande número de marinheiros e turistas que desembarcavam dos navios. Muitas épocas de altos e baixos se sucederam ao longo do tempo: auge, glamour e decadência na prostituição. Hoje o cenário mais uma vez se transforma, com as obras do projeto Porto Maravilha, apenas uma boate sobreviveu as modificações urbanísticas que ocorreram na área: a Boate Flórida. Durante um mês, a artista frequentou a Boate Florida. Esta vivência deu origem ao trabalho. Para ver o vídeo Cais do Corpo, clique aqui.

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